Sugestão de Leitura

Há uns saudosos anos, tive a felicidade de descobrir um livro que muito me ensinou sobre o Hip Hop, ajudando-me a ter uma visão mais fidedigna sobre as propriedades deste movimento. O livro chama-se “Ritmo & Poesia – Os Caminhos do Rap” e tem como autores António Concorda Contador e Emanuel Lemos Ferreira. Teve a chancela da Assírio & Alvim, conhecendo edição em 1997.

Com apresentação de Alexandre Melo e fotos de Patrícia Almeida com gente como Bambino, General D ou Pacman, este livro surgiu como proposta de trabalho dos autores enquanto alunos da cadeira de Sociologia da Cultura do ISCTE (Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa).

Na introdução do manual, estão inscritos os motivos que levaram os redactores a escrever “um livro sobre um género musical incómodo movimentando-se nas águas conturbadas do politicamente incorrecto”. Era sua preocupação, interesse e curiosidade, estudar o rap de acordo com a sua posição na sociedade da altura, descortinar o alcance das letras e perceber a linearidade do ritmo e a crueza e dureza sonora. O papel do rapper, a sua definição e predicados, também não foi descurado nesta análise que empreenderam. Em linhas gerais, o objectivo passou por dimensionar o rap nos estratos sociais, culturais e políticos, bem como traçar o diagnóstico da sua vida, desde o embrião ao corpo adulto, não esquecendo as derivas que tomou, nomeadamente no que respeita às correntes e tendências do estilo musical.

Assim, estruturado o livro em vários capítulos, vemos desvendada a origem do Hip Hop e a explicação de cada uma das suas vertentes; narra-se o impacto da cultura e a progressão que teve na América e posteriormente no mundo (mais adiante no livro); afloram-se marcos inesquecíveis do rap como a Golden Age, a Daisy Age, entre outros; aborda-se o rap que florescia na altura em que o livro foi escrito, antes de 1997, e encontramos aí a proeminência de nomes como Tupac, Ice Cube, Krs-One, Public Enemy ou Gangstarr, sendo longa a lista de nomes e grupos mencionados; tecem-se ainda algumas considerações ao pós-rap, particularmente ao surgimento do Trip Hop e do Jungle.

Posteriormente, entra-se na fase em que se procura contar a História do Rap em Portugal. Escava-se na procura da génese do género entre portas, revela-se a escolha do Inglês para a expressão dos primeiros raps de artistas nacionais, até à decisiva vinda a Portugal de Gabriel, o Pensador, que mostrou que o rap podia fazer perfeito sentido emitido na língua portuguesa. Os autores explicam o peso histórico do disco “Rapública” e lançam o seu olhar sobre os protagonistas que faziam o rap português viver como Boss AC, General D, Mind da Gap, etc. A parte final do livro contempla uma série de entrevistas a gente ligada ao movimento em Portugal como Double V, José Vaz (radialista), Makkas, Presto, DJ Yen Sung. O livro fecha com um pequeno glossário de calão compilado por Dire.

Recomendo vivamente a leitura deste livro, ainda que só trate da História do Rap e do Hip Hop até 1996. É interessante porque descreve o seu pré-nascimento, o nascimento, onde se alimentou, o modo como cresceu, os caminhos que tomou, os filhos que teve, a dimensão global que alcançou. O capítulo sobre o Rap em Portugal é assinalável pelos factos que enuncia e perfeito seria se alguém pegasse nas linhas finais deste tratado, que datam de 1996, e a partir dali contasse o que foi e o que é o rap e o movimento Hip Hop, atravessando todos esses anos até aos dias de hoje.

6 comentários:

DarkSunn disse...

Esse tá aqui na prateleira! Nice one!

Anónimo disse...

ehehe tou a le.lo agora!

foram-me os dentes ao chao quando o vi na biblioteca de ponte de lima, q é relativamente pequena lol

acabei ontem a parte do hip hop nacional, só tenho uma falha a apontar: quase nao falaram do Nas nem do insuperavel illmatic. de resto ta espectacular, entao aquela introduçao q narra a historia dos watts phrophets e adiante ta muito boa msm!

hasta e grande iniciativa!

Anónimo disse...

Eu li isso já a uns anos valentes também foi requisitado numa biblioteca mais precisamente na de Vila Do Conde, e tenho um exemplar que comprei numa feira do livro a 2 anos por 6.00€..
;)

Na altura gostei muito se calhar já esta na altura de o reler !!

A.Silva disse...

Se por acaso alguém souber de alguma livraria da zona do Porto que possa ter este livro à venda. Dê a dica.
Senão tenho de estar mais atento às Feiras do Livro. LOL...

Obrigado

André (Primouz)

Anónimo disse...

ehehe tou a le.lo agora!

foram-me os dentes ao chao quando o vi na biblioteca de ponte de lima, q é relativamente pequena lol

acabei ontem a parte do hip hop nacional, só tenho uma falha a apontar: quase nao falaram do Nas nem do insuperavel illmatic. de resto ta espectacular, entao aquela introduçao q narra a historia dos watts phrophets e adiante ta muito boa msm!

hasta e grande iniciativa!

Druco disse...

Boa, Darko! :D

Anónimo, acho que também já o cheguei a ver numa biblioteca... Mas já não sei qual. É verdade, quanto ao Nas a abordagem é residual. Optaram por dar um pouco mais de relevo a outros. Sem dúvida, acho a parte introdutória mesmo muito boa!

Alma, eu também já o li pela primeira vez há alguns anos, mas o bichinho de relê-lo de vez em quando está sempre presente :D

André, vou estar atento também. Se o descobrir por aí dou-te o toque sobre isso ;)

Cumprimentos!

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