Arte, Estética & Crítica

O que é a arte? Bem, esta é uma definição complexa, dada a multiplicidade de respostas. Genericamente, pode considerar-se como arte o fabrico consciente de beleza. A arte procura exprimir a realidade objectiva, assim como o Homem e a sua maneira de ver o mundo. Em todo o processo, aspira-se a que a acção revele sinceridade. A norma artística e universal, aquela que sobrevive a todas as flutuações do gosto, é a integridade do ser. Ou seja, é o Homem na sua compreensão total e a manifestação do universo em toda a sua verdade.

Modernamente, a racionalidade imiscuiu-se na realidade para que esta se tornasse cada vez mais compreensível aos nossos olhos. Numa obra, podemos vislumbrar sempre dois pólos: o artístico e o estético. O artístico refere-se à criação do autor, o estético é a realização empreendida pelo receptor, aquele que se confronta com a obra. Resulta daí o seu entendimento daquela peça artística, que pode perfeitamente dar azo a múltiplas interpretações mediante seja sentida por diferentes pessoas. É importante fazer notar que percepcionamos a beleza de modo espiritual e sensível porque a nossa inteligência para atingir essa percepção do belo precisa do concurso da imaginação. Assim, quanto mais perfeito for esse concurso, quanto mais inteligentes e imaginativos formos, tanto mais perfeito e total será esse encontro imediato com a beleza.

A crítica é a arte de julgar do poder expressivo das obras artísticas. Em boa verdade, o acto fundamental da crítica é o de dizer: isto é bom ou isto é mau. Isto acontece porque houve necessidade de fazer essa avaliação, a fim de se preservar e valorizar o que é belo. O crítico é aquele que faz o caminho inverso ao do artista. É aquele que contempla a criação feita e que abraçando-a procura explicar as sensações que derivaram desse abraço. A interpretação é ela mesmo um desígnio criativo. A obra torna-se um produto da interacção, do relacionamento, com o receptor. Se no criador de beleza há qualquer coisa de misterioso, no modo como nele andam unidos alma e corpo, também o crítico guarda a virtude imprescindível: a de saber ir ao encontro da significação da obra com uma natureza compreensiva, sensível e carregada de bom senso, que lhe permita fazer sobressair a verdadeira essência daquela obra no meio das muitas sugestões que lhe possam surgir diante. No fundo, a crítica é a arte de sentir, sendo certo que não existirá nenhuma norma absoluta para se julgar as obras de arte. Simplesmente, belo é o que agrada. Saliente-se a surpresa como o valor supremo do gosto: contraria o hábito, é algo que é estranho e que leva ao prazer, rompendo com o que se esperaria.

O Hip Hop é arte? Sim. O Hip Hop tem uma estética própria? Com certeza. O Hip Hop precisa da crítica? Claro. Porquê? Desafio os leitores do Bloggers Reign Supreme a expressarem as suas opiniões relativamente às perguntas que formulei. Têm a palavra!

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