Conformidade - Part 2



Às vezes ficamos com a nítida sensação de que o Hip Hop é um estilo de música que progride linearmente e com um conjunto de regras que deve ser respeitado. E isso pode até ser verdade. Mas quem é que define esse conjunto de regras? Quem é que te diz: aqui está um quadrado desenhado no chão, fora dele já não és hiphoppa ou a música que fazes já não é rap? Isto preocupa-nos (embora possamos negá-lo) porque fazemos parte de um grupo e queremos sentir que somos aceites, ou seja, por outras palavras, queremos estar em conformidade com ele. Isto cria um efeito de grupo que faz com que se reúnam consensos em torno de certos princípios e ideias que são apenas ilusórios. Isto acontece porque, na nossa ânsia de ser aceites pelo movimento, pela corrente já estabelecida, adoptamos como próprias visões com que nem sempre concordamos.

E isto também é válido para os artistas que fazem música e para os bloggers que escrevem artigos. No primeiro caso, é a noção daquilo que “o público quer”. Ora se o próprio público já está condicionado para gostar de certo tipo de música de que, se calhar, não gosta verdadeiramente, será que faz sentido fazer música para este conceito ilusório de “massas”?

No segundo caso, é o conceito daquilo que as pessoas querem ler. E sobre isto gostava de dizer algo. Ao contrário dos músicos, os bloggers não têm o incentivo financeiro para tentar "agradar ao público". A sua única motivação é partilhar experiências e pensamentos com quem se identifique. Provavelmente, o “público” gostaria de ler coisas como “Top 10 dos melhores álbuns de 2011” ou críticas maldosas a álbuns que considerássemos maus. Mas hey, quem somos nós para dizer que álbum x é melhor que álbum y? E mesmo que fosse a votos – o próprio público já está influenciado para escolher de acordo com os parâmetros definidos pelo “grupo”, parâmetros esses que adoptaram de forma inconsciente.

Para melhor compreender esta questão da conformidade, ver este vídeo:



Para concluir, não escrevi este artigo para dizer que os novos ouvintes não se devem informar e procurar conhecer a cultura. Escrevi este artigo para sublinhar a importância do pensamento independente. 

E mais importante que tudo: não existe pensamento independente sem existir primeiro pensamento informado. 

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