Reportagem: Urban Beat Battle, Gare Clube, Porto (07/10/2010)

E o vencedor da Urban Beat Battle é... Cálculo! Pois é, o produtor e MC de Barcelos assumiu-se como o preferido do público e bateu a feroz concorrência que lhe foi aparecendo pela frente. Numa competição com excelentes surpresas, a luta foi sempre bastante renhida e o nível muito alto. A festa foi boa, com vários pontos de interesse, o público respondeu à chamada e fez-se história na cidade Invicta com o despontar deste evento.

Os dezasseis concorrentes na batalha de beats tinham de convencer o público de que eram os melhores para passarem as eliminatórias, já que era esse mesmo público que com o seu grito decidia quem seguia para a ronda seguinte. O método de votação era simples, embora todos possamos questionar a sua fiabilidade em eleger realmente os melhores. No entanto, eram as regras e todos sabiam para o que iam.

Algumas eliminatórias foram memoráveis e quase todas elas envolveram... Cálculo. Ao longo da caminhada triunfal do barcelense, tanto caíram beatmakers com pouca projecção no panorama nacional - como BeatOven -, como também tombaram artistas com bastante peso na arte de reproduzir beats, nomeadamente LT a.k.a. Philly Gonzalez (que começou por vencer Jowdjo, de Aveiro). Tal como o produtor de Matosinhos, também D-One surgiu no Gare Clube bem posicionado na tabela de apostas para esta Urban Beat Battle. D-One actuou em casa, mas até na China lhe reconheceriam grande valor na hora de bater com os dedos nos pads. Que o diga Alpha e Supremo G. O primeiro, do colectivo Recarga, por ter sido abatido logo na ronda inaugural, e o segundo por não ter pejo em “comprar” logo ali o primeiro instrumental rodado por D-One. A participação deste findou aos pés (leia-se beats) de Cuss, que disparou para a semi-final após um duelo estrondoso (que pareceu uma final antecipada, pode-se dizer assim). Amparado pelo autocarro humano proveniente da Póvoa de Varzim, e pelo seu inegável talento para as batidas, Cuss galgou dois opositores até confrontar-se com Cálculo. A gladiação instrumental entre os dois foi estupenda, com ambos a exibirem-se num patamar realmente elevado.

De sublinhar a juventude de alguns participantes (como a de LiL’P. Beatz, de apenas 16 anos), que contrastou com o nível de maturação demonstrado nos beats. Da capital para a Invicta, M.A.N. granjeou chegar à final exibindo um estilo muito singular nas batidas. Na meia-final, o adversário deste, Cooper, revelou-se mais artilhado do que qualquer outro participante. Isto porque à passagem de uma batida de sua autoria, esta incluía igualmente uma a capella, algo obviamente descontextualizado numa competição de... instrumentais. Foi graças à generosidade de M.A.N. que Copper teve oportunidade de se redimir com um último beat, mas o talento do moçambicano radicado em Lisboa já tinha reservado o último bilhete para a final.

O derradeiro duelo também foi muito bom, com Cálculo a suplantar M.A.N. no ruído proveniente da plateia. De realçar o carácter requintado dos samples do representante da terra do “pé na porta”, que conquistou a maioria dos presentes, mesmo aqueles que estavam pouco familiarizados com as suas produções. Não menosprezando nenhum concorrente, já que todos eram verdadeiramente hábeis na arte de bulir nas MPC’s (ou MPD’s, etc...), salientamos ainda as participações de Alpha, Mekie e Noyse.

Relativamente ao sistema de votação, apenas se pode especular em duas situações, curiosamente envolvendo Cooper. Numa eliminatória entre o representante de Gaia e Mekie, o segundo pareceu ser mais convincente na qualidade das batidas, mas o ruído foi superior para Cooper. Depois entre Noyse e Cooper quando se previa que ambos teriam que rolar mais um instrumental para um desempate, Cooper ganha surpreendentemente quando parecia até que a audiência se manifestou mais por Noyse. Mas podia ter sido perfeitamente uma ilusão... auditiva.

Cálculo tornou-se assim o primeiro vencedor deste evento, tendo o atractivo de ceder um instrumental para Valete compor um tema. Valete, que tal como Maze, esteve presente no Gare Clube, ainda que nem sequer tenha subido ao palco ou proferido qualquer palavra. Os finalistas (Cálculo e M.A.N.) levaram ainda prémios para casa, numa oferta da Plastic Sounds.

Antes da competição e intervalando as diferentes fases da mesma, houve tempo para se escutar DJ Player (o cicerone principal de toda a noite), Supremo G, JêPê, Rusty, Contrabando88 e ainda uma jam session de Poeta de Rua. Com maior ou menor entusiasmo, a plateia aderiu bem ao esforço e talento dos artistas que animaram a festa. Supremo G e JêPê percorreram algumas faixas de "Live On Stage" e de "A Caminho da Lua", o próximo trabalho de Jimmy P. Como sempre, onde quer que actue Contrabando88, a tropa de apoiantes não os deixou sozinhos e fez com que se sentissem em casa.

Palavras finais para a organização do evento que trabalhou muito para que tudo corresse da forma mais perfeita possível. Reis e Fisko merecem a nossa congratulação pela iniciativa, pelo empreendedorismo de fazerem em Portugal um evento primeiro com estas características e depois com esta qualidade. Parabéns a todos os concorrentes, ao público que compareceu e aos artistas que actuaram. Da parte do BRS, enviamos um abraço muito especial ao Fisko que nos tratou de forma impecável. Foi uma honra o BRS estar associado a este evento. Parabéns Hip Hop português!

15 comentários:

Anónimo disse...

Tá muito boa a reportagem

Grande abraço

Anónimo disse...

Desde já um muito obrigado pela divulgação do trabalho. Espero que tenham gostado do resultado do evento em si como eu gostei de o concretizar. :)

Forte abraço para os dois. :D
Fisko

Nicolau disse...

Só é pena ter sido a uma quinta-feira, se fosse a uma sexta, provavelmente o pessoal do resto do país poderia ter estado presente (sim, estou a puxar a brasa à minha sardinha ehehe).

Anyway, espero mesmo que este evento se repita no próximo ano!

Sempei disse...

Pois é verdade, Joana. Mas pelos vistos não foi possível mudar o dia. De qualquer das formas, o espaço estava bem concorrido, o que só valoriza ainda mais o evento.

Claro que gostamos, Fisko. Para a próxima lá estaremos ;)

Abraços

Pedro santos disse...

Grande evento, "grandes" produtores e grande festa, gostava de realçar a actuação dos contrabando, foi a primeira vez que tive oportunidade de os ver e ouvir e fiquei supreendido com a entrega com o espirito e subertudo com a energia e a vibração que conseguiam incutir no publico...
E como não podia deixar de ser um grande halla a todos os produtores(grandes talentos) e os parabens ao calculo..
Parabens tmb aos organizadores e um propz ao sempei pela divulgação dos eventos e pelas reportagens ..

Anónimo disse...

Não entendo é como é que vocês fazem uma urban beat battle e os vídeos que gravaram têm má qualidade... sonora.

É como escrever um livro e na apresentação apresenta-lo em folhas amassadas.

Sempei disse...

Pedro Santos, subscrevo o teu comentário. No entanto, convém deixar claro que a divulgação do evento pertenceu a toda a equipa do BRS. Nesta UBB, eu e o Druco fomos os representantes do blog ;)
Mas agradecemos as palavras simpáticas.

Caro anónimo, a organização do evento não teve nenhuma responsabilidade na gravação dos vídeos (apenas na edição). Essa parte partiu do BRS, sem que houvesse qualquer obrigação de o fazer. Qualquer queixa em relação à qualidade das filmagens deve ser remetida para a Samsung.

Cumprimentos!

Catia Sofia disse...

Concordo contigo em algumas criticas feitas, o facto de a votação ser concretizada pelo barulho do publico foi um pouco injusta para aqueles que vinham de mais longe, ás duas por tres o publico ia-se aproximando do microfone para que o seu barulho fosse mais ouvido, curiosamente o Noyze (que eu fui apoiar) passou na primeira ronda sem que algum dos apoiantes que trouxe estivesse a gritar ao pé do palco o que prova o seu talento.
Outro curioso aspecto foi a eleminação de Noyze com o Cooper, nao menosprezando o talento de Cooper creio que foi injusto, pelo menos empate era, mas é claro que sou suspeita para falar.
O que interessa foi que foi um espectaculo de Hip Hop bem realizado e teve um grande sucesso e no fim ganhou sem duvida quem devia ganhar, o Calculo. Eu que sempre amei Hip Hop achei que iria ser um pouco secante ouvir batalhas de beats a noite toda, nunca uma noite passou tão rapido e de tao excelente forma, so mostra o grande talento que cada um dos participantes tinham.

Sempei disse...

A verdade é que o método de votação tem sido mesmo o aspecto mais criticado do evento (tal como o dia do mesmo). Pode-se dizer que no mínimo é discutível, mas a verdade é que o M.A.N. chegou à final mesmo com poucos apoiantes vindos de Lisboa.

Também criou-nos algumas dúvidas o duelo Cooper-Noyze, mas no geral os votos foram justos. Todos demonstraram grandes qualidades, alguns estiveram num nível elevado mesmo.

Foi uma festa diferente, a que não estamos habituados por cá. Esperemos que se torne recorrente a partir de agora.

Obrigado pelo comentário,
Cumprimentos

Anónimo disse...

tenho a dizer q falaram muito lixo acerca de alguns produtores, ma ideia do seu trabalho... i q em termos de jury tava bull shit... muitos bons talentos foram eleminados a toae mais tao ai grazes q e mesmo a chupa pilas

Anónimo disse...

frazes*

Druco disse...

Yô, Anónimo! É assim: se fores mais específico e nos apontares o que dissemos de lixo sobre alguns produtores ainda te damos alguma credibilidade. O mesmo se aplica às frases "chupa pilas". Dá-nos exemplos disso. Diz-nos que frases são essas que escrevemos.

É que se não nos especificares isso, foste tu que vieste aqui à toa!

Quem foi concorrer e assistir ao evento já sabia das regras relativamente ao júri. Todos podemos questionar a cena, mas já tudo estava avisado quanto ao método de votação.

Como não sabemos tudo sobre hip hop e é sempre bonito manter a humildade e darmo-nos ao respeito, deixo-te o meu obrigado pelo teu comentário e mando-te um caloroso abraço. Aguardo a tua resposta, hein?!

Nicolau disse...

Druco, nem vale a pena dar atenção a estes comentários. Aparecem sempre, já quando foi do Duelo Verbal todos os blogs que fizeram cobertura do evento tiveram de levar com estes aziados.

Melhor sorte para a próxima anónimo! Ou então escreve aí a tua reportagem no teu blog que sempre é mais produtivo.

Anónimo disse...

mos boys voces vao estar a ligar a coisas destas??? nao vale a pena, apesar de ele ter razao nalgumas coisas q diz, fa;am o vosso trabalho q esta a ser bem feito dou-vos o meu obrigado pela reportagem, e nao deixem de fazer coisas como estas
O RAP PRECISA DISTO I MUITO MAIS
O MEU OBRIGADO
BEATOVEN

Druco disse...

Eu percebo, Joana. Tipo, eu não me importo que nos façam um reparo desde que seja fundamentado. Partindo do princípio que aquele leitor tinha razões de queixa quanto ao que escrevemos, apenas lhe peço que seja mais específico, a fim de ver se merece ou não a nossa credibilidade. Apenas isso.

Beatoven, obrigado pelo teu comentário. Claro, a reportagem reflecte apenas a nossa opinião, sendo que ela tem a importãncia que lhe quiserem dar. Cada um pode ter a sua visão do evento, é livre de a ter e ainda bem. Da nossa parte, continuaremos na luta pelo bem do Hip Hop português. Mais uma vez agradeço que tenhas passado por aqui e comentado. Continuação de um bom trabalho!

Cumps!

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