Reportagem: Body Rock Crew, Mau Feitio, Mundo, Termanology e AZ no Hard Club (08/10/2010)
Posted by Sempei
A noite de 8 de Outubro de 2010 vai ficar certamente na história do Hip Hop português como uma das mais memoráveis de sempre. Um cartaz de luxo, uma casa fantástica e cheia, excelente ambiente e rap de primeira água. Que pedir mais? A repetição de festas como esta naturalmente.
O Hard Club, no Porto, engalanou-se arquitectónica e humanamente para acolher Body Rock Crew (Maze, D-One e Deck97), Mau Feitio, Mundo Segundo, Termanology e AZ. O interesse estava no auge para se perceber se o público respondia ao convite de agraciar os artistas nacionais e os americanos com uma recepção que se queria bem quente. Se o NGA é mais quente que o fogo, o Hard Club esteve ainda mais quente que o NGA então. Verdadeiro vulcão de emoções que se viveu naquele espaço, com o público a corresponder em número ao nível vibrante do cartaz em questão: 8.9 na escala de Richter.
As pessoas foram sentindo o faiscar da festa com Body Rock Crew, que enviou autênticas guloseimas para audição sem se importar que os presentes se empanturrassem naqueles sabores clássicos, quando ainda tinham um banquete para degustar. Foi mesmo assim. Os concertos foram uma mesa cheia que o palato de todos provou e aprovou. Mau Feitio foram a entrada calórica quanto baste, distribuída pelas doces batidas de D-One e as rimas de Capicua e de Auge. "Apetece" pareceu ter tido a maior aceitação de todo o cardápio por eles servido. Destaque para as participações especiais de Cooper, Deau (que saiu da plateia) e de M7 na actuação de Mau Feitio, que vieram conferir ainda mais riqueza à prestação do grupo. Este esteve em bom plano, conforme nos vem habituando e foi a entrada perfeita para o primeiro rap que se escutou ao vivo na noite.
Depois seguiu-se Mundo Segundo acompanhado por DJ Guze e Each de Enigma Crew. O MC de Dealema foi feliz na escolha do alinhamento para uma noite tão especial, interpretando alguns dos temas mais marcantes do seu trajecto a solo para loucura dos presentes. Contou ainda com o préstimo de Maze, seu comparsa dealemático, e de Ana, a jovem cantora que adocicou o refrão do clássico "O Que É Feito?". Os braços no ar foram uma constante e os gritos de satisfação idem aspas. De referir que Mundo Segundo foi o rei da noite. Ainda antes de os americanos actuarem (devem-se ter pasmado com a idolatração por Mundo), o público atingiu o ponto máximo de ebulição com o rapper tripeiro, que teve uma performance muito boa e galvanizadora.
O primeiro americano a entregar-se à assistência do Hard Club foi Termanology. O rapper teve uma excelente entrega, pautada por muita energia, entusiasmo e comunicação com o público. Logo aí marcou pontos. "Real Hip Hop is here", disse Termanology. Saíram pelas colunas da sala alguns temas clássicos da sua carreira como “How We Rock” ou “So Amazing”, respondendo os presentes com alegria ao que iam vendo e ouvindo. E não era para menos. É que perante toda a plateia ia-se exibindo não só as rimas de um dos mais entusiasmantes emcees da nova escola norte-americana, como também alguns beats de autoria de DJ Premier, que dispensa qualquer tipo de apresentação. Contudo, por muito que a gente idealizasse Preemo por detrás da mesa dos pratos, a verdade é que o DJ que realmente acompanhou Termanology fazia questão de vincar a sua presença com uns irritantes disparos sonoros que cessavam cada som.
Durante a actuação notou-se perfeitamente o prazer de Termanology devido ao carinho que lhe foi sendo dispensado. Ele que há tempos, em Vigo, actuou perante uma sala (quase) vazia, no Hard Club deve ter ficado bem impressionado com a atmosfera intensa e vibrante com a qual foi confrontado. Para êxtase dos portugueses, "Watch How It Go Down" foi naturalmente a malha que fez explodir a sala antes da despedida do emcee do palco. Muito boa actuação de Termanology. We love you too, m*therfucker!
Por último, actuou o originário de Brooklyn AZ. Era alta a expectativa sobre esta lenda do rap norte-americano. AZ não teve o fulgor de Termanology mas mesmo assim foi fantástico assistir ao vivo à prestação do mítico rapper. Pelo adiantado da hora e cansaço do público (?), havia algumas clareiras entre a assistência durante o concerto de AZ, mas foi aqui que eclodiu um moche que deixou Termanology (assistindo ao show no palco) impressionado com aquela situação e foi prontamente filmá-la. AZ percorreu a sua vasta discografia, fazendo girar alguns clássicos, particularmente do seu álbum de estreia “Doe or Die”, que foram muito bem acolhidos. Houve tempo também para “Life’s a Bitch”, uma das melhores canções de todos os tempos do rap mundial, que sentida ao vivo emocionou toda a gente. AZ não tendo exibido a garra de Terma deu no entanto um bom concerto. Pena que o público tenha começado a debandar e nem sempre tenha “feito o barulho” que AZ talvez esperasse. A espaços, AZ presenteou os presentes com sons clássicos do Hip Hop internacional, não se coibindo de homenagear, por exemplo, Guru. Apesar da prestação um pouco abaixo da de Termanology, foi mágico presenciar o show de uma lenda viva do rap mundial.
Em resumo, a noite do Hard Club foi muito boa. Registaram-se belas actuações e um grande apoio do público do Hip Hop, que compareceu em peso na casa. Foi importante que os artistas americanos tivessem sentido que o Hip Hop está forte aqui e que é feito com entusiasmo e com a presença em massa de pessoas nos concertos. Tudo isto é vital para que se mantenha a esperança de que seja possível trazer mais rappers americanos a Portugal e que eles estejam interessados em passar por cá. AZ e Termanology terão saído satisfeitos com o afecto do público mas talvez se tenham admirado por Mundo ter sido mais aplaudido do que eles. Mundo foi aquele que fez a multidão agitar-se mais. Espectacular noite! Que se repitam muitas mais assim no Hard Club.
O Hard Club, no Porto, engalanou-se arquitectónica e humanamente para acolher Body Rock Crew (Maze, D-One e Deck97), Mau Feitio, Mundo Segundo, Termanology e AZ. O interesse estava no auge para se perceber se o público respondia ao convite de agraciar os artistas nacionais e os americanos com uma recepção que se queria bem quente. Se o NGA é mais quente que o fogo, o Hard Club esteve ainda mais quente que o NGA então. Verdadeiro vulcão de emoções que se viveu naquele espaço, com o público a corresponder em número ao nível vibrante do cartaz em questão: 8.9 na escala de Richter.
As pessoas foram sentindo o faiscar da festa com Body Rock Crew, que enviou autênticas guloseimas para audição sem se importar que os presentes se empanturrassem naqueles sabores clássicos, quando ainda tinham um banquete para degustar. Foi mesmo assim. Os concertos foram uma mesa cheia que o palato de todos provou e aprovou. Mau Feitio foram a entrada calórica quanto baste, distribuída pelas doces batidas de D-One e as rimas de Capicua e de Auge. "Apetece" pareceu ter tido a maior aceitação de todo o cardápio por eles servido. Destaque para as participações especiais de Cooper, Deau (que saiu da plateia) e de M7 na actuação de Mau Feitio, que vieram conferir ainda mais riqueza à prestação do grupo. Este esteve em bom plano, conforme nos vem habituando e foi a entrada perfeita para o primeiro rap que se escutou ao vivo na noite.
Depois seguiu-se Mundo Segundo acompanhado por DJ Guze e Each de Enigma Crew. O MC de Dealema foi feliz na escolha do alinhamento para uma noite tão especial, interpretando alguns dos temas mais marcantes do seu trajecto a solo para loucura dos presentes. Contou ainda com o préstimo de Maze, seu comparsa dealemático, e de Ana, a jovem cantora que adocicou o refrão do clássico "O Que É Feito?". Os braços no ar foram uma constante e os gritos de satisfação idem aspas. De referir que Mundo Segundo foi o rei da noite. Ainda antes de os americanos actuarem (devem-se ter pasmado com a idolatração por Mundo), o público atingiu o ponto máximo de ebulição com o rapper tripeiro, que teve uma performance muito boa e galvanizadora.
O primeiro americano a entregar-se à assistência do Hard Club foi Termanology. O rapper teve uma excelente entrega, pautada por muita energia, entusiasmo e comunicação com o público. Logo aí marcou pontos. "Real Hip Hop is here", disse Termanology. Saíram pelas colunas da sala alguns temas clássicos da sua carreira como “How We Rock” ou “So Amazing”, respondendo os presentes com alegria ao que iam vendo e ouvindo. E não era para menos. É que perante toda a plateia ia-se exibindo não só as rimas de um dos mais entusiasmantes emcees da nova escola norte-americana, como também alguns beats de autoria de DJ Premier, que dispensa qualquer tipo de apresentação. Contudo, por muito que a gente idealizasse Preemo por detrás da mesa dos pratos, a verdade é que o DJ que realmente acompanhou Termanology fazia questão de vincar a sua presença com uns irritantes disparos sonoros que cessavam cada som.
Durante a actuação notou-se perfeitamente o prazer de Termanology devido ao carinho que lhe foi sendo dispensado. Ele que há tempos, em Vigo, actuou perante uma sala (quase) vazia, no Hard Club deve ter ficado bem impressionado com a atmosfera intensa e vibrante com a qual foi confrontado. Para êxtase dos portugueses, "Watch How It Go Down" foi naturalmente a malha que fez explodir a sala antes da despedida do emcee do palco. Muito boa actuação de Termanology. We love you too, m*therfucker!
Por último, actuou o originário de Brooklyn AZ. Era alta a expectativa sobre esta lenda do rap norte-americano. AZ não teve o fulgor de Termanology mas mesmo assim foi fantástico assistir ao vivo à prestação do mítico rapper. Pelo adiantado da hora e cansaço do público (?), havia algumas clareiras entre a assistência durante o concerto de AZ, mas foi aqui que eclodiu um moche que deixou Termanology (assistindo ao show no palco) impressionado com aquela situação e foi prontamente filmá-la. AZ percorreu a sua vasta discografia, fazendo girar alguns clássicos, particularmente do seu álbum de estreia “Doe or Die”, que foram muito bem acolhidos. Houve tempo também para “Life’s a Bitch”, uma das melhores canções de todos os tempos do rap mundial, que sentida ao vivo emocionou toda a gente. AZ não tendo exibido a garra de Terma deu no entanto um bom concerto. Pena que o público tenha começado a debandar e nem sempre tenha “feito o barulho” que AZ talvez esperasse. A espaços, AZ presenteou os presentes com sons clássicos do Hip Hop internacional, não se coibindo de homenagear, por exemplo, Guru. Apesar da prestação um pouco abaixo da de Termanology, foi mágico presenciar o show de uma lenda viva do rap mundial.
Em resumo, a noite do Hard Club foi muito boa. Registaram-se belas actuações e um grande apoio do público do Hip Hop, que compareceu em peso na casa. Foi importante que os artistas americanos tivessem sentido que o Hip Hop está forte aqui e que é feito com entusiasmo e com a presença em massa de pessoas nos concertos. Tudo isto é vital para que se mantenha a esperança de que seja possível trazer mais rappers americanos a Portugal e que eles estejam interessados em passar por cá. AZ e Termanology terão saído satisfeitos com o afecto do público mas talvez se tenham admirado por Mundo ter sido mais aplaudido do que eles. Mundo foi aquele que fez a multidão agitar-se mais. Espectacular noite! Que se repitam muitas mais assim no Hard Club.
3 comentários:
"Houve tempo também para “Life’s a Bitch”, uma das melhores canções de todos os tempos do rap mundial, que sentida ao vivo emocionou toda a gente " revi-me por completo nesta passagem do texto...
André Silva ( primouz)
Fantástica reportagem. Descreve muito bem aquilo que quem esteve na casa sentiu. Provavelmente a noite mais memorável do Rap em Portugal. É sem dúvida para repetir ;)
Noite muito emotiva e memorável, sem dúvida! Oxalá se repitam festas destas.
Cumprimentos aos dois!
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