Sobre o BRS...
Pois é, nós sabemos que o blog tem estado parado. A disponibilidade de todos nós para nos multiplicarmos em iniciativas (blogs próprios, blog conjunto) é reduzida, o que fez com que esta aventura fosse ficando em segundo plano.
Hip Hop Strikes Back at ANH
Muito tem sido dito e escrito sobre a Associação Nacional do Hip Hop, a associação criada com o objectivo de roubar uma cultura com mais de três décadas de existência.
Pouco temos a acrescentar, aqui no BRS. Por iss vamos fazer deste post um agregador de todas as reacções que têm vindo a surgir.
Nicolau
Hip Hop marca registada?! Fuck ANH
Email enviado à ANH
Email enviado ao site HHDX
Resposta da ANH
A verdade sobre a ANH
Primouz
Fuck ANH!!!
Hip Hop Pulsação
Fuck ANHH!
Mr. Dheo (autor acidental do logotipo)
ANHH - Email enviado à ANHH e Reacção ao email enviado à ANHH
Capítulo ANHH Palavra Final
Direito de resposta à explicação pública da ANHH
N.A.D (autores acidentais do hino)
Esclarecimento por parte dos NAD sobre o seu suposto envolvimento na ANHH
Anti-Associação Nacional de Hip Hop (com muitos comentários interessantes...)
Movimento pela destituição da Associação Nacional de Hip-Hop
Associação Nacional de Hip Hop
Explicação
HipHopDX
An Organization Accused Of Falsely Claiming Trademark Ownership Of The Word "Hip Hop"
Conformidade - Part 2
Conformidade - Parte 1
5) A confiança da experiência – Já sabe praticamente tudo o que há para saber. Punchline, indie, minimalista, gangsta, egotrip; até já quase distingue o analógico do digital só de ouvido. E também se apercebe que o hiphp é uma cultura cheia de diversidade que tem as suas raízes em estilos de música pré-existentes como talvez nenhum outro estilo tenha. E isso quer dizer que é um estilo em constante evolução – não faz mal ter novos gostos, não faz mal gostar de música pela música. É neste momento que há a confiança para dizer, hey estes OFWGKTA são do caraças. Ou então, a nova música do Dre com o Eminem está tão gay.
Sangue novo, coração velho

Ao longo dos últimos anos, e sobretudo a partir da dobragem do milénio, temos assistido ao disparar da massa de seguidores de Rap/Hip Hop. Ora isso tem um lado bom mas acarreta também o lado inverso. O que acontece quando o Hip Hop arrecada um novo adepto? Este geralmente fica de tal forma deslumbrado ao ponto de querer ser um componente da cultura. "Se o Sam The Kid consegue sacar grandes rimas eu também hei-de conseguir"; "Com uma mpc na ponta dos dedos sou o novo Dr. Dre". O passo seguinte? Adoptar a linguagem característica dos hiphopers, renovar o guarda-roupa com trajes de "MC", comprar uma mpc ou um teclado se o intuito for a produção, quem sabe até formar uma crew, e... continua a faltar alguma coisa. Por mais habilidoso que seja nas rimas, por muito que possua um flow consistente e certeiro, nunca chegará ao hall of fame do Hip Hop sem a aquisição de conhecimento, o tal knowlegde por que tanto se apregoa. Sem essa parte (invisível mas vital) arrisca-se a nunca ser levado a sério, tanto o MC como o próprio Hip Hop – e neste caso o rap particularmente. Os novos rappers (ou aspirantes a sê-lo) têm aproveitado o facto de os meios tecnológicos permitirem actualmente a propagação da música com uma facilidade incrível, e tudo de forma barata, mas acabam por se tornar também eles uma cópia barata uns dos outros.
Desprezar o conhecimento é quebrar e condenar a arte logo à partida. Não basta agir de forma expressiva, é primordial começar pelo acto construtivo. É todo um processo de aprendizagem e maturação que advém da partilha de conhecimentos, experiências e vivências. É deveras proveitoso aprender com cada pessoa, ganhar afinidades, estudar a arte, interpretá-la, isto tudo sem nunca descurar, como é lógico, a prática e o aperfeiçoamento das habilidades individuais. Estes deveriam ser alguns dos princípios basilares para o movimento evoluir e ganhar alguma bagagem de reconhecimento e respeito. Parece-me até ser contra natura andarmos constantemente a exigir respeito por parte de quem menospreza o Hip Hop e que pouco o valoriza, e não começarmos nós próprios por impor esse respeito, organizando, consciencializando e unificando o meio e seus intervenientes.
A ideia que geralmente impera no pensamento dos jovens que se atiram de cabeça para o rap é que basta o talento (ou o seu melhoramento) e a habilidade no mic para singrar. Mas se estes não tiverem alicerces que os sustentem acabarão por ruir e passar à história. É preciso traçar caminhos e desbrava-los para se chegar a um fim com cabeça, tronco e membros. Outra questão que parece coabitar com a anterior é a compulsoriedade de se ser MC, B-Boy, DJ ou Writer para fazer parte desta bela cultura. Nada mais errado. Desde que o conhecimento seja um dado adquirido e desde que façamos uso dele de forma proactiva nada ficamos a dever aos MC's e restantes elementos.
Acredito sinceramente que o Hip Hop nunca morrerá, porque os que hoje o mantêm de pé e a respirar continuarão a respeita-lo e a cuida-lo de todas as impurezas. Mas é essencial que os velhos guardiões da cultura transmitam aos mais novos esta importante missão, pois para preservar os seus valores é necessário conhecer-se a história, para assim propaga-la às gerações vindouras. A cada ano que passa o coração do Hip Hop bombardeia sangue novo por todas as suas vertentes, mas o passar dos anos também tem feito o coração bater mais vagarosamente, até porque está cada vez mais velho.
Next: A primer on urban painting [Trailer + Documentário completo]
Via Periférica
Via Periférica from Nuno Alves on Vimeo.
Tote King - El lado oscuro de Ghandi
Para aqueles que contactam pela primeira vez com este, Tote King é um dos nomes mais sonantes do HipHop espanhol. Proveniente de Sevilha, uma cidade reputada no meio, não fossem os veteranos SFDK, Juaninacka, Mala Rodriguez ou até Shotta ( irmão de Tote) oriundos da mesma cidade.
Tote, conta já com um percurso discográfico bastante significativo com cerca de 10 anos repartidos em prestações individuais, em parceria com seu irmão Shotta ou então com o colectivo sevilhano "Alta Escuela".
Nas primeiras mixtapes e álbuns onde participou distinguia-se pelo seu flow rendilhado e pertinência nos versos. Os seus primeiros discos oficiais, a solo, "Tu madre es un foca"( neste ainda em parceria com Shotta) e "Musica para enfermos" revelou o imenso potencial deste rapper que acabou por ser consagrado à terceira em 2006 com o magnífico "Un tipo cualquiera". Um título apontado ao facto de que não era preciso ser excêntrico para ser rapper.
Não foi necessário muito tempo ou sequer marketing para concluir que estávamos perante um dos discos mais sensacionalmente escritos e rimados na língua de Cervantes.(podem ler a minha reação ao álbum após o ter escutado pela primeira vez)
http://primouz.blogspot.com/2008/10/toteking-un-tipo-cualquiera.html
Os discos de Tote caracterizam-se pelo vasto campo temático, indo desde a mensagem interna para a cultura HipHop até aqueles temas universais para jovens e velhos dos 8 aos 80. Seria até compreensível o decréscimo a referências ao movimento já que, normalmente, essa fase dá-se no início da carreira de muitos mc's e de maneira a evitar saturação temática esse aspecto acaba por ser menos abordado. No entanto, saluta-se o activismo de TOTE, concentrando neste disco uma série de recados para o HipHop enquanto estilo musical e cultura. Aqui podemos enquadrar faixas como "Otro opositor opositando", "Hemos llegao", uma espécie "I used to love H.E.R" espanhola em "Loco por ti" e indubitavelmente "La parte más fea de mi curro"
Em outra face do prisma surgem temas mais genéricos e direccionados aos vícios e comportamentos da população, tendo como porta-estandarte, o exuberante " Redes sociales", escolhido como primeiro single do disco.
Há ainda tempo para o clássico egotrip, para o beat pujante do storytelling em "El Paseo" e ainda uma dedicatória muito pessoal em "NBA".
A realçar o facto deste disco, ao contrário dos anteriores, não ter qualquer convidado para além dos beatmakers. Já os produtores podem-se contar cerca de dez, com destaque para o velho companheiro de Tote, Dj Randy. Apesar do risco associado ao convocar 10 produtores diferentes, vindo de um mc tão versátil acaba por não ser estranho nem prejudicar o resultado final porque ao mc cabe a responsabilidade e o desafio de dar coerência à sequência de batidas seleccionadas previamente por ele. Algo a que Tote correspondeu inteiramente.
"El lado oscuro de Ghandi" é um bom registo para quem não conhece TOTE KING passar a interessar-se por esta grande personalidade do HipHop do país vizinho e até para ostracizar algumas reticências que muitos ouvintes portugueses têm com o HipHop espanhol.
Disco que não se consome à primeira, ou seja, com direito a audições repetidas pois em cada uma revela-se um novo detalhe.
EXTRAS
Documentários e filmes sobre Graffiti e Street art.
Desde a adolescência que adoro tudo o que seja relacionado com graffiti portanto, ainda numa época em que o vídeo reinava e o dvd era uma miragem, possuir alguma cassete com documentário, filme, reportagem ou um simples vídeo amador referente a graffiti era uma preciosidade.
Lembro-me em 2000 ou 2001 quando o CDS-PP quis avançar com uma lei "criminosa" no parlamento, a qual provocou muito alarido à volta do fenómeno underground que era o graffiti na altura. Aliás, parece-me ter despoletado um interesse incomum pela vertente e consequente mediatização. E por um lado até foi graças a esta publicidade gratuita que passei a interessar-me verdadeiramente pelo graffiti.
Bomb it – Um dos mais recentes e premiados documentário sobre graffiti a nível global e a sequela está prestes a chegar.
http://www.youtube.com/watch?v=oi1mo3ngfUs
Bomb the System – Filme acerca das aventuras de dois writers nova-iorquinos contemporâneos.
http://www.youtube.com/watch?v=g1qd5nFWdm4
Against the Wall – Quality of life ( FILME )
http://www.youtube.com/watch?v=59tFIdD3T28
Beautiful Loosers – Belíssimo documentário sobre arte e um grupo de amigos artistas que a tornam possível
http://www.youtube.com/watch?v=JyRAHKTy6hI&feature=player_embedded
http://www.youtube.com/watch?v=jtlVu-jkx7k
Writers 1983-2003 ans de graffiti à paris – 20 anos de graffiti em Paris
http://www.youtube.com/watch?v=TqKIT3h_QQ8
Just to Get a Rep
http://www.youtube.com/watch?v=tQkmkKjET4U
Infamy
http://www.youtube.com/results?search_query=infamy+graffiti&search=Search
Tats Cru – The Mural Kings – Uma das crews mais respeitadas de NYC
http://www.youtube.com/watch?v=IFVua4Y79ow&mode=related&search
Painting with permission
http://www.youtube.com/watch?v=ktIqA5RTnVY&mode=related&search
http://www.youtube.com/watch?v=8JVFpaUsIN0
http://www.youtube.com/watch?v=io6tfwmQS5I
http://www.youtube.com/watch?v=io6tfwmQS5I
Trumac – Documentário sobre uma crew francesa e o seu intercâmbio com writers históricos americanos
http://www.youtube.com/watch?v=lh3dK3hQTOE
http://www.youtube.com/watch?v=dIifik2THNw
Feliz 2011!
O Bloggers Reign Supreme deseja um fantástico 2011 a todos os leitores!
Word is bond!
Graffiti Jam Session 2010@ Maia [14.11.2010]

Local do "crime", prédio da Maia, sítio emblemático para o graffiti da zona metropolitana do Porto. Um edifício de 4 andares, com a construção suspensa por motivos desconhecidos e que há mais de uma década vem disfarçando a sua deterioração com as obras de, pelo menos, duas gerações de writers.

Depois de um sábado tempestuoso, um dos maiores receios para esse dia seria o estado do tempo, apesar das paredes-alvo serem abrigadas da intempérie, já se sabe que o bom tempo traz consigo outra motivação para levantar da cama e marcar presença à hora combinada. Conclusão: S.Pedro curte graffiti porque a manhã de Domingo estava surpreendentemente radiosa.
Às 9:30 da manhã, já se viam as primeiras movimentações na Mecca do graffiti maiato. Sacos animados pelo chocalhar de latas começavam a ouvir-se. Tinta de rolo, rolos e escadas alinhavam-se para a primeira ofensiva que consistiu na cobertura de duas paredes a preto.
Rapidamente se passou dessa fase, perante o número de participantes depressa o preto tomou conta da decoração do R/c daquele edíficio.
Fotografias por : Sarah Miriam, Pedro Queirós e Bruno Mendes.
Mais fotografias em:
Tribruto - Algazarra
Algumas Reflexões... O Poder do Ouvinte
Um MC Competente Inconsciente
Black Milk - Album of the year
O príncipe de Detroit está de volta com o seu aguardadíssimo terceiro disco. Com um início de carreira auspicioso, cedo foi rotulado como o substituto natural de J-Dilla, isto ainda num período de luto pela estrela maior da cidade e também num de hibernação criativa de todas as outras referências ( Slum Village, Eminem, Royce 5'9, entre outros).
Muito antes de os seus discos a solo seres referenciados, a este já cabia a responsabilidade de produzir para um grupo tão mediático quanto Slum Village, a par do seu colega Fat Ray, o outro membro da dupla B.R.Gunna.
Como ficou subentendido no primeiro parágrafo, o disco de estreia Popular Demand foi o suspiro de alívio para aqueles que não acreditavam numa reformulação tão imediata da Motown.
Entre a estreia e o "difícil segundo álbum" B.M. tornou-se num dos rookies mais desejados do "draft" de produtores, desmultiplicando-se em participações, não só nas batidas como nas rimas.
Se em Popular Demand ainda se falava na proximidade com a sonoridade imposta por Dilla, já Tronic foi mais uma prova de que Black Milk pretendia ser dono e senhor do seu próprio destino, afastando-se do rótulo e do fardo que lhe pretendiam colocar. Tronic, como o próprio nome indica, resulta de influências mais orgânicas e electrónicas, relegando para segundo plano os orelhudos samples soul ou de funk. Nesta altura, Black Milk já demonstrava um grande apreço por baterias expressivas na sua fórmula. Um caminho que tem vindo a explorar imenso, de tal modo que já se tornou numa das suas imagens de marca. Tal como no cinema se fala em "cinema de autor" aqui podemos aplicar a analogia a " produção de autor".
"Album of the year" mais que uma designação pretensiosa para um título de um álbum é, na realidade, o retrato musical do último ano da vida do artista, tal como o mesmo refere logo na abertura. E talvez não seja por acaso que o disco tenha apenas doze faixas. Doze temas que perfazem uma viagem sonora de 55 minutos onde se encontram diluídos acontecimentos relevantes na vida de B.M.
"365" abre as hostes num tom retrospectivo e esclarecedor do verdadeiro intuito do disco. Aqui nomeia alguns factos pessoais marcantes nomeadamente a morte de Baatin, membro fundador dos Slum Village.
"Welcome (Gotta go)" e "Keep Going" seguem a mesma dinâmica inicial, aparentando até alguma anarquia resultante de uma qualquer jam session que pode provocar alguma estranheza inicial, embora comece a fazer sentido após sucessivas audições.
"Oh girl" representa o típico hino ao sexo oposto, que certamente, também deve ter tido um papel bastante significativo durante último ano do produtor/rapper.
"Deadly medley" traz uma troca de punchlines entre intervenientes, provavelmente, o trio mais mediático de Detroit do momento (excepto Eminem), ou seja, Black Milk, Royce e Elzhi, estes dois últimos representando duas eras do HipHop da cidade. Também em "Black& Brown" há troca galhardetes com entre B.M e Danny Brown, uma personagem que tem vindo a fazer um buzz interessante no underground americano através de pequenas participações como esta.
"Round of applause" soa a algo já conhecido no reportório do produtor pois trata-se de um tema muito semelhantes ao single de Tronic, "Give the drummer sum". Aliás esse single enquadrar-se-ia perfeitamente no alinhamento deste disco.
Na combinação de dois aspectos essenciais: escrita e produção. Album of the year é a colheita de mais apurada de Black Milk e onde este binómio melhor se conjuga.
A produção, tal como foi dito, é o aspecto mais destacável porque marca definitivamente um estilo próprio, um carimbo sonoro que nos permite (já) identificar o seu "toque" tão naturalmente como identificamos uma batida de Premier, Dre ou Timbaland. (reparem que no final de cada faixa a duração desta prolonga-se mais que o habitual até acabar em definitivo, quase como se o autor quisesse um parte inicial rimada e uma final só instrumental)
Já no que toca às rimas, o discurso está mais assertivo e confiante. O flow está mais perpicaz e maleável, com uma maior preocupação na dicção devido às rimas internas, agora mais exploradas.
Quanto ao conteúdo, é pena Black cair na redundância do egotrip e da rima livre onde o ouvinte se acaba por perder a meio e se deixa levar apenas pelo apelo da batida.
Embora não seja surpresa nenhuma, um produtor/ mc se destacar em apenas um dos campos, pois encontrar um excelente produtor e mc é tão provável como encontrar um excelente futebolista ambidestro.
"Album of the year" certamente que não será o disco do ano, apesar de ir constar na lista de nomeados. Mas, ficou patente que Black Milk é um dos produtores mais prolíferos e vanguardistas do HipHop contemporâneo.
Nota: na review foi considerado Popular Demand como disco de estreia de Black Milk, apesar de algumas fontas considerarem que esse tenha sido já o seu segundo disco oficial.