Sangue novo, coração velho
Posted by Sempei
O Hip Hop está cada vez mais rejuvenescido. Não só pelas roupagens que as novas gerações e tendências lhe atribuem, mas também pelo crescente aumento de aficionados juvenis. É um facto. Basta atentar no número de jovens (baseio-me no intervalo 12-18 anos) que acorrem aos concertos, os vídeos que muitos deles põem na net, onde se exercitam na arte das rimas. E é precisamente por aqui que nasce o âmago da questão que me leva a escrever este texto: estaremos nós a cair vertiginosamente na banalização do MC? A minha resposta é não. Não, porque de facto a queda já se concretizou.
Ao longo dos últimos anos, e sobretudo a partir da dobragem do milénio, temos assistido ao disparar da massa de seguidores de Rap/Hip Hop. Ora isso tem um lado bom mas acarreta também o lado inverso. O que acontece quando o Hip Hop arrecada um novo adepto? Este geralmente fica de tal forma deslumbrado ao ponto de querer ser um componente da cultura. "Se o Sam The Kid consegue sacar grandes rimas eu também hei-de conseguir"; "Com uma mpc na ponta dos dedos sou o novo Dr. Dre". O passo seguinte? Adoptar a linguagem característica dos hiphopers, renovar o guarda-roupa com trajes de "MC", comprar uma mpc ou um teclado se o intuito for a produção, quem sabe até formar uma crew, e... continua a faltar alguma coisa. Por mais habilidoso que seja nas rimas, por muito que possua um flow consistente e certeiro, nunca chegará ao hall of fame do Hip Hop sem a aquisição de conhecimento, o tal knowlegde por que tanto se apregoa. Sem essa parte (invisível mas vital) arrisca-se a nunca ser levado a sério, tanto o MC como o próprio Hip Hop – e neste caso o rap particularmente. Os novos rappers (ou aspirantes a sê-lo) têm aproveitado o facto de os meios tecnológicos permitirem actualmente a propagação da música com uma facilidade incrível, e tudo de forma barata, mas acabam por se tornar também eles uma cópia barata uns dos outros.
Desprezar o conhecimento é quebrar e condenar a arte logo à partida. Não basta agir de forma expressiva, é primordial começar pelo acto construtivo. É todo um processo de aprendizagem e maturação que advém da partilha de conhecimentos, experiências e vivências. É deveras proveitoso aprender com cada pessoa, ganhar afinidades, estudar a arte, interpretá-la, isto tudo sem nunca descurar, como é lógico, a prática e o aperfeiçoamento das habilidades individuais. Estes deveriam ser alguns dos princípios basilares para o movimento evoluir e ganhar alguma bagagem de reconhecimento e respeito. Parece-me até ser contra natura andarmos constantemente a exigir respeito por parte de quem menospreza o Hip Hop e que pouco o valoriza, e não começarmos nós próprios por impor esse respeito, organizando, consciencializando e unificando o meio e seus intervenientes.
A ideia que geralmente impera no pensamento dos jovens que se atiram de cabeça para o rap é que basta o talento (ou o seu melhoramento) e a habilidade no mic para singrar. Mas se estes não tiverem alicerces que os sustentem acabarão por ruir e passar à história. É preciso traçar caminhos e desbrava-los para se chegar a um fim com cabeça, tronco e membros. Outra questão que parece coabitar com a anterior é a compulsoriedade de se ser MC, B-Boy, DJ ou Writer para fazer parte desta bela cultura. Nada mais errado. Desde que o conhecimento seja um dado adquirido e desde que façamos uso dele de forma proactiva nada ficamos a dever aos MC's e restantes elementos.
Acredito sinceramente que o Hip Hop nunca morrerá, porque os que hoje o mantêm de pé e a respirar continuarão a respeita-lo e a cuida-lo de todas as impurezas. Mas é essencial que os velhos guardiões da cultura transmitam aos mais novos esta importante missão, pois para preservar os seus valores é necessário conhecer-se a história, para assim propaga-la às gerações vindouras. A cada ano que passa o coração do Hip Hop bombardeia sangue novo por todas as suas vertentes, mas o passar dos anos também tem feito o coração bater mais vagarosamente, até porque está cada vez mais velho.
Ao longo dos últimos anos, e sobretudo a partir da dobragem do milénio, temos assistido ao disparar da massa de seguidores de Rap/Hip Hop. Ora isso tem um lado bom mas acarreta também o lado inverso. O que acontece quando o Hip Hop arrecada um novo adepto? Este geralmente fica de tal forma deslumbrado ao ponto de querer ser um componente da cultura. "Se o Sam The Kid consegue sacar grandes rimas eu também hei-de conseguir"; "Com uma mpc na ponta dos dedos sou o novo Dr. Dre". O passo seguinte? Adoptar a linguagem característica dos hiphopers, renovar o guarda-roupa com trajes de "MC", comprar uma mpc ou um teclado se o intuito for a produção, quem sabe até formar uma crew, e... continua a faltar alguma coisa. Por mais habilidoso que seja nas rimas, por muito que possua um flow consistente e certeiro, nunca chegará ao hall of fame do Hip Hop sem a aquisição de conhecimento, o tal knowlegde por que tanto se apregoa. Sem essa parte (invisível mas vital) arrisca-se a nunca ser levado a sério, tanto o MC como o próprio Hip Hop – e neste caso o rap particularmente. Os novos rappers (ou aspirantes a sê-lo) têm aproveitado o facto de os meios tecnológicos permitirem actualmente a propagação da música com uma facilidade incrível, e tudo de forma barata, mas acabam por se tornar também eles uma cópia barata uns dos outros.
Desprezar o conhecimento é quebrar e condenar a arte logo à partida. Não basta agir de forma expressiva, é primordial começar pelo acto construtivo. É todo um processo de aprendizagem e maturação que advém da partilha de conhecimentos, experiências e vivências. É deveras proveitoso aprender com cada pessoa, ganhar afinidades, estudar a arte, interpretá-la, isto tudo sem nunca descurar, como é lógico, a prática e o aperfeiçoamento das habilidades individuais. Estes deveriam ser alguns dos princípios basilares para o movimento evoluir e ganhar alguma bagagem de reconhecimento e respeito. Parece-me até ser contra natura andarmos constantemente a exigir respeito por parte de quem menospreza o Hip Hop e que pouco o valoriza, e não começarmos nós próprios por impor esse respeito, organizando, consciencializando e unificando o meio e seus intervenientes.
A ideia que geralmente impera no pensamento dos jovens que se atiram de cabeça para o rap é que basta o talento (ou o seu melhoramento) e a habilidade no mic para singrar. Mas se estes não tiverem alicerces que os sustentem acabarão por ruir e passar à história. É preciso traçar caminhos e desbrava-los para se chegar a um fim com cabeça, tronco e membros. Outra questão que parece coabitar com a anterior é a compulsoriedade de se ser MC, B-Boy, DJ ou Writer para fazer parte desta bela cultura. Nada mais errado. Desde que o conhecimento seja um dado adquirido e desde que façamos uso dele de forma proactiva nada ficamos a dever aos MC's e restantes elementos.
Acredito sinceramente que o Hip Hop nunca morrerá, porque os que hoje o mantêm de pé e a respirar continuarão a respeita-lo e a cuida-lo de todas as impurezas. Mas é essencial que os velhos guardiões da cultura transmitam aos mais novos esta importante missão, pois para preservar os seus valores é necessário conhecer-se a história, para assim propaga-la às gerações vindouras. A cada ano que passa o coração do Hip Hop bombardeia sangue novo por todas as suas vertentes, mas o passar dos anos também tem feito o coração bater mais vagarosamente, até porque está cada vez mais velho.
2 comentários:
Eishhh rapaz o som que foste buscar!! Granda som e mesmo adequado ao teu texto, com o qual aliás concordo a 100%!
É não é? Grande Nokas! É um som que se mantém actualíssimo! Por acaso lembrei-me já depois de pôr o texto :b
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