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Portugalidade... numa perspectiva HipHopiana
Style Wars 2.0
Não. Style Wars não irá ter uma sequela nem um dos tão famosos remakes. No entanto, este texto explica-se através de duas razões:
- Trata-se sim do reaproveitamento ou reciclagem de um texto acerca do mesmo tema, o qual fiz à 4 anos atrás
- Surge também do facto de no início deste mês se ter realizado uma acção de beneficência para ser possível restaurar/conservar a película original e as muitas horas de filmagem não incluída neste lendário documentário.
Style Wars, foi um nome que sempre esteve presente no pensamento desde o meu primeiro interesse pelo graffiti. Recordo-me bem de ter lido uma entrevista ao lendário SEEN (na extinta e velhinha Subworld ( ver abaixo)) e a referência a este como um dos melhores writers da altura (King of the Kings).E eu, na minha inocência, continuava a questionar-me o que seria o tal Style Wars.
Mais tarde apercebi-me de que se tratava de um documentário acerca de graffiti e "algo mais" e depois de visioná-lo fiquei deliciado com o que vi. Está realmente fantástico pois contrapõem perspectivas dos writers, dirigentes autárquicos, polícia, críticos de arte, jornalistas, simples transeuntes, utentes do metro de NY e até uma mãe de um writer. E daqui surge o conceito ”Style Wars”. Da antítese de opiniões entre os writers e uma Nova Iorque inteira e da competição interna entre eles, num jogo de afirmação pessoal perante os seus pares. Portanto estávamos perante duas guerras de estilos: estética e de vida.
O graffiti surge devidamente enquadrado na cultura HipHop, do qual são apresentadas as 4 vertentes com especial realce para o B-Boying, com filmagens da competição promovida entre RockSteady Crew e Dynamic Rockers. O djiing e mciing são apresentados quase como um só e o graffiti, era sem dúvida alguma, a “ovelha negra da família”, isto é, o mais controverso.
Tudo começa na década de 70, em Nova Iorque, por Taki 183 que inscrevia nas paredes o seu tag, ( nº era correspondente ao nº da sua porta), acabando com este a ser conhecido por toda a cidade. A moda pegou e a partir daí foi um festival de tagging, surgindo outros nomes como Papo 184, Junior161, Cay161, Stitch 1, e duas raparigas Barbara62 e Eya62. A partir daí os anos 70 ficam notabilizados como a década dos pioneiros e de desenvolvimento de estilos.
Uma nota especial, Taki 183,cronologicamente,não foi primeiro mas sim aquele que alcançou maior notoriedade tal como o documentário relata.
Somos confrontados com diferentes perspectivas de vários writers com destaque para Skeme, Seen, Dondi, Case2, Dez (actual Dj Kay Slay) e o odiado CAP.
É captada a preocupação de uma mãe e a sua oposição às actividades do filho (Skeme), mas não é por isto que este deixa de o fazer, sendo sincero com a sua mãe, não omitindo o seu estatuto de writer e as suas opiniões bem traçadas.
SEEN e Dondi já tinham uma reputação consolidada nas ruas, graças aos seus trabalhos não só nos comboios como em paredes da cidade. Aliás no documentário aparece-nos SEEN com colaboração de DUST na elaboração de um grande mural sob a observação de muitos mirones.
Case2 era um caso sério de talento apesar de só possuir um braço. Não o impedia de ter uma vocação notável para o graffiti, sendo altamente respeitado no meio pelo seus wildstyle fantásticos, por vezes praticamente ilegíveis, mas de uma qualidade tremenda.
DEZ, na época com uns tenros 16 anos, fazia-se acompanhar por TRAP de 14, ambos se distinguiam pela sua juventude, mas em toda a filmagem é recorrente encontrarem-se menores de idade com um conhecimento profundo das rotinas do graffiti nova-iorquino.
E finalmente, CAP. O mais controverso, o mais odiado, o mais solitário. O writer"mais" e já vão perceber porquê.
De entre todos aqueles que partilhavam aquela realidade, ele era simplesmente o mais detestado porque tinha uma personalidade muito forte e peculiar, consequente de uma postura perante o graffiti muito diferente e que chocava imenso com a restante classe de writers.
Por suas palavras, ele diz-nos que as suas preocupações estéticas e qualitativas no que fazia eram secundárias, o que interessava era a quantidade, o seu lema era “Mais e mais”, ou seja, não interessa a maneira como o faz mas sim o número de vezes que o faz. Foi aqui que começou a ser detestado pois a sua filosofia levava-o a crossar tudo e todos. Por vezes certos writers tinham acabado de pintar as suas peças e mesmo antes de os comboios saírem para circulação já as pinturas estavam crossadas. Provavelmente, a maior frustração de um writer devido ao desperdício de recursos e ainda por cima sem qualquer testemunho fotográfico.
CAP não demonstrava quaisquer remorsos e ele próprio não se designava como “Graffiti artist” mas sim “Graffiti Bomber” ou então por “King of Bombing”.
O documentário descortina também o preconceito de todo o writer ser negro ou hispânico porque também existiam muitos brancos a fazê-lo. Retrata igualmente as primeiras galerias de arte a acolherem e exporem graffiti e também a oposição do Mayor Koch e das autoridades (MTA) à actividade ilícita com todas as suas estratégias dissuasoras desde campanhas publicitárias, vedações duplas com arame farpado, cães entre as vedações e ainda limpeza regular das carruagens. Tudo isto contribuiu para o decréscimo da actividade e os comboios passaram a ser preteridos por outros suportes mais viáveis e menos problemáticos.
Estas medidas serviram eficazmente para diminuir a actividade em comboios mas isso jamais iria acabar com o graffiti, tal como comentaram os intervenientes no documentário, porque este já fazia parte da cidade e até se tinha tornado numa imagem de marca. Daí em diante foi-se reformulando e expandindo até se tornar naquilo que hoje é, apesar de todas as iniciativas para abafá-lo.
Hoje em dia podem encontrar facilmente o documentário pela rede. No Youtube dividido em partes e ainda com extras, incluindo entrevista com o realizador (já falecido) e alguns dos intervenientes passados mais de 20 anos.
Pedacinhos de história…
Entrevista a Tony silver
Skeme (…20 anos depois)
Style Wars Out Takes
Style Wars Outtakes (DONDI)
B-Boy Ken Swift ( …20 anos depois)
B-Boy Crazy Legs (…20 anos depois)
Style Wars ( Full Video )
Para terminar deixo uns versos que vi numa parede do Porto há uns anos.
"Graffiti é arte
Arte é cultura
Tentam abafá-la
Mas ela perdura!!!"
Nota final: Documentário imprescindível de ser visto...
Sugestão de Leitura
Grandes Malhas #90 - Scarface - The Fix (2002)
2002
Scarface, uma personagem intemporal do cinema imortalizado por Al Pacino, com inúmeros fãs da sétima arte e em especial no HipHop cuja personagem ganhou vida própria multiplicando-se por diversas discografias de variadíssimos artistas espalhados não só pelos EUA como pelo mundo.
Uma simples pesquisa no Google oferece-nos 3 resultados mais concretos: o filme, a alcunha pela qual era conhecido Al Capone e por último, o rapper.
Scarface, rapper originário de Houston (Texas), curiosamente a mesma cidade de Premier, é já um veterano glorificado do panorama HipHop americano. Originalmente membro integrante dos Geto Boys, cedo se destacou do restante grupo acumulando inúmeros álbuns a solo ao longo dos anos.
Numa discografia tão vasta só um seguidor acérrimo poderia indicar categoricamente um disco verdadeiramente representativo de Scarface, contudo a escolha centrar-se-á naquele que combinou excelentes críticas com colaborações impensáveis em somente um disco. Mais concretamente Jay-Z e Nas (coincidente com o período do beef entre estes) e ainda Kanye West, Neptunes e Nottz na produção.
Scarface sempre se caracterizou por uma linha de rap que vangloriava o glamour de ser gangster de charuto na boca e que durante os anos 90 teve imensos seguidores como Biggie, Jay-Z, Raekwon ou AZ.
Para os amantes do género, um disco a ouvir e uma discografia a descobrir.
The Roots - How I Got Over
Apesar das alterações da composição da banda quase de disco para disco, como se se tratasse de um clube de futebol sujeito às leis do mercado de transferências no final da época, também aqui se pôde aplicar uma velha máxima "As pessoas passam e a instituição fica" pois o trajecto de quase 20 anos manteve-se coerente aos ideais que geraram o grupo e personalizados pelos carismáticos Black Thougth e Questlove.
Falar de "The Roots" para além de aliciante é um motivo de enorme orgulho para o HipHop. Ter este tipo de porta-estandarte que vai muito além deste género musical das rimas e das batidas, sendo até comuns comentários do género " Não gosto de HipHop, mas curto The Roots" dá para perceber que as particularidades desta banda tiveram um alcance significativo.
Analisar o percurso dos Roots ao longo de todos estes anos seria um case-study interessantíssimo, porém foquemo-nos no que "How I got over" tem para oferecer.
Dados concretos: cerca de 45 minutos de duração repartidos por 14 temas, 3 deles instrumentais praticamente interlúdios e um número significativo de participações, sendo o " significativo" um atributo também qualitativo.
Sabendo da importância de uma primeira impressão, os Roots têm aqui um claro sinal de rotura com o clima mais pesado e obscuro dos dois discos anteriores, não que estes tivesssem défices de qualidade mas não eram tão acessíveis a uma primeira audição quanto este mais recente. Leituras mais precipitadas poderiam ligar isto directamente ao facto de serem a banda residente do LNJF contudo só isso não explica este regresso a um optimismo tão expressivo na primeira década do grupo.
O álbum inicia-se com "A piece of light" um suave instrumental trauteado que nos embala os sentidos para os minutos que se avizinham. Segue-se "Walk alone" sob um piano e uma bateria minimalistas onde os mc's enumeram e enfatizam os momentos de solidão e isolamento da nossa existência.
"Dear God 2.0" trata-se de uma sequela da música original dos Monster of Folk (daí o 2.0), cujo refrão ficou a cargo do próprio vocalista da banda. O tema insurge-se perante Deus com uma série de questões que o Homem eternamente fez e continua a fazer, embora sempre sem qualquer resposta concreta.
Chegados aqui, o álbum começa a querer tomar vida própria porque o volume sobe gradualmente tal como a cadência da bateria e o flow dos mc's. "Radio Daze" é o exemplo prático disso tal como "Now or never", agora com uma bateria mais comedida que a faixa anterior onde Phonte (Little Brother), Black Thought e Dice Raw se revezam ao referir a importância das oportunidades da vida e que por vezes estar no sítio certo à hora certa pode realmente fazer a diferença.
Seguindo o discurso de auto-motivador, "How I got over", o single homónimo do disco, centra-se na crua realidade da escola de rua embora se note que no fantástico refrão de Dice Raw (mais um!) está implícito o desejo de superar a situação.
Out on the streets, where I grew up
First thing they teach us, not to give a fuck
That type of thinking can’t get you nowhere
Soooome-onnnne haaaas tooooo care
Destaque ainda para a pujança deste single, que quando apresentado ao vivo no Late Night with Jimmy Fallon deixou as expectativas altíssimas para aquilo que se avizinhava.
Estamos a meio da viagem e apercebemos que as suaves transições entre os temas são uma constante, as faixas até aqui funcionam como um bloco coeso e coerente porque o binómio produção e escrita foi criando um cordão bem entrelaçado.
"The day" transpira a ideia de "Carpe diem" com o regresso com BLU e Phonte nas colaborações, destaque ainda para o critério de escolha por parte dos Roots quanto a mc's que se enquadram perfeitamente na linha de rap do grupo.
"Right on" conta com mais uma repescagem de um tema original de Joanna Newson, "The Book of Right On" do álbum "The Milk Eyed-Mender" (2004) resultando numa das faixas mais poderosas do disco.
"Doin it again" e "The Fire" materializam ambas uma lição de perseverança, tal como refrões desta vez à conta de Jonh Legend e que deixam antever aquilo que se poderá encontrar brevemente da parceria de Roots/Jonh Legend no disco "Wake up".
"Web 20/20" é o tema de alta voltagem do disco que fica marcado pelo rpm's elevados e pelas duas últimas colaborações do disco, Peedi Peedi e Truck North.
Sobra a faixa bónus "Hustla" com o mesmo STS, um dos responsáveis pelo toque de Midas em "Right On", só que desta vez sem as mesmas repercussões. A faixa dispensável do disco.
Em suma, é praticamente unânime que estamos perante um dos grandes álbuns do ano, integrante de uma das mais completas discografias que um grupo de HipHop ousou ter. Os "The Roots" não precisavam sequer de editar qualquer outro disco para figurar no Hall of Fame, contudo com um disco como "How I Got Over" o atributo " legendary" que é feito a cada apresentação da banda no LNJF é completamente justificado.
Gifted Unlimited Rhymes Universal
Serve a introdução sobre o pensamento de Saramago e a sua ausência terrena para prestar homenagem a um artista do Hip Hop que também ele há pouco tempo faleceu. Porém, enquanto nos lembrarmos das pessoas e elas viverem permanentemente no nosso peito, elas não estarão mortas. E quem pode esquecer ou deixar de ter a viver no peito o nobilíssimo Guru?!
Gifted Unlimited Rhymes Universal nasceu como Keith Edward Elam a 17 de Julho de 1961 (embora haja versões que indiquem que nasceu em 1966, mas segui como mais confiável a data que o sobrinho de Guru avançou no documentário que fez em sua homenagem). Guru é originário de Boston, filho do primeiro juiz negro da cidade e a sua mãe era co-directora de uma rede de bibliotecas públicas pertencentes ao sistema escolar. O jovem Keith formou-se em Gestão de Empresas e parecia destinado a ter um futuro risonho na área em que se graduara. Porém, a música mudou-lhe a vida. Apaixonou-se pelo rap, decidiu investir nesse sonho e perdeu-se quiçá um bom gestor. No entanto, o rap e o Hip Hop ganharam definitivamente um dos seus maiores ícones de todos os tempos!
Guru será incontornável na História do movimento e da música porque explorou o seu imenso talento, fazendo parelha com o prodigioso DJ Premier, num dos duos mais adorados pelo público. A química resultante entre o MC e o DJ era de tal maneira perfeita que não havia maneira de um brilhar mais do que o outro. Parecia predestinação o facto de se terem juntado, o que foi maravilhoso para o Hip Hop, pois as qualidades de ambos deram projecção e crédito à cultura, que tinha ali dois baluartes a protegê-la. A discografia de Gangstarr é ímpar e são incontáveis os clássicos que consecutivamente o duo foi colocando nas ruas.
A inteligência nas rimas e a postura na indústria musical trouxeram o respeito para Guru. Catalogado como o rei do “flow monótono”, fez disso um estilo e no ritmo pausado, que batia certinho com as majestosas batidas de Premier, lançava as suas linhas cortantes, irónicas, pujantes, pesadas de consciência. A voz inconfundível de Guru era das vibrações mais lúcidas e harmoniosas que se podia escutar no meio do xinfrim que a certa altura começou a ser o rap. Quase funcionando como um guardião de uma certa essência da fundação, das raízes, Guru mantinha-se coerente com as directrizes dos primórdios do Hip Hop, permanecia fiel à sua gente e suas dificuldades, sem nunca colocar reservas ou mordaças ao seu rap. Frontal, afirmando as suas convicções e opiniões, nunca teve a tentação de se auto-moderar, tendo em vista vender mais discos. É que apesar de toda a admiração mundial por Guru e Premier eles nunca venderam o que outros artistas do rap, mais promovidos e badalados pela máquina da música mas de tom mais ligeiro, conseguiram alcançar.
Para Guru, o mais importante sempre foi a arte e não o negócio. Gangstarr exemplifica isso na perfeição. Excelentes discos, soberbas críticas, a aclamação dos fãs de rap mas também da música, em geral. No entanto, Guru era um espírito inquieto e não lhe bastava a parceria com DJ Premier. Reforçando o apreço pela música antiga, ele inicia um projecto de nome “Jazzmatazz”, que pretendeu reunir músicos já com história e que admirava, fazendo simultaneamente o intercâmbio com jovens talentosos que despontavam. Toda a paixão pela música e magnimidade pela arte a ser posta em evidência por parte de Guru. A saga foi um sucesso que coleccionou vários entusiastas e prestava-se a celebrar a fusão do rap com os caminhos do Jazz e da Soul fundamentalmente, mas também a convivência e troca de experiências entre os antigos e os novatos. Guru era o cicerone, o mediador, o mentor. O mestre impulsionador justamente.
A vida de Guru, porém, não se fez sem atribulações. Para além do seu feitio complicado com os meandros da indústria musical, o rapper cansou-se (ao que consta) do projecto Gangstarr e decidiu dar um tempo. Correram boatos que o duo se havia extinguido e que Guru e Premier tomariam caminhos individuais. Ambos formaram as suas editoras e Guru junta-se ao produtor Solar, com quem estabelece profundos laços e edita dois álbuns através da sua 7 Grand Records. Houve muita pressão dos fãs e dos media para que Gangstarr voltasse, mas sempre que Guru abordava o assunto parecia ficar mais claro que dificilmente os excelentes MC e DJ se iriam encontrar de novo em estúdio.
Tristemente, a 28 de Fevereiro de 2010, Guru sofreu um ataque cardíaco, adoeceu, descobriram-lhe um cancro, esteve algum tempo em coma e várias situações desagradáveis eclodiram com Solar, que se assumia quase como porta-voz de Guru. Lamentavelmente, não chegava a tragédia que se abatia sobre o lendário rapper e estalava a polémica com Solar que, segundo sempre foi veiculado, pretendia lucrar com a situação de Guru e assenhorar-se de alguns direitos do legado do rapper. Infelizmente, Guru sucumbiu à doença e o seu coração parou a 19 de Abril de 2010...
Não sei se se passou como Saramago dizia ou se Guru passou de um estado para o outro ou se está no paraíso ou se assumiu uma outra forma para estar presente neste mundo. O que eu sei é que Guru está vivo. Na música que nos deixou. Na lembrança que temos dele. Guru está na galeria dos mais geniais rimadores do rap e das pessoas mais influentes de sempre da História do Hip Hop. Não há erro algum que possa ter cometido que faça com que isso deixe de ser a verdade. Partiu cedo demais... Se Guru está no paraíso, Deus tem de certeza uma predilecção secreta pelo rap e fomenta um qualquer projecto grandioso para todos os que chamou tão cedo para junto de Si. Não obstante isso, e socorrendo-me de uma brilhante ideia musicada por Fuse, e que se adapta perfeitamente ao caso do rapper americano, se Guru faleceu no mundo físico, ele há-de ser eterno nos nossos ouvidos!